Um Imbolc tardio com ninho de passarinho

(Livro Ano Mágico)

Naturalmente o Imbolc é celebrado aqui no hemisfério sul no dia 1 de agosto, mas o meu Imbolc aconteceu apenas hoje, no dia 11. 

Esse foi um período bem difícil para mim, passei por uma exaustiva crise existencial decorrente da minha nova rotina, precisei clarificar e reordenar muitos processos internos para entender que eu não precisava ter as condições ideais para que eu pudesse seguir com o que o meu coração pedia, pois existem momentos que é necessário simplesmente seguir em frente e fazer o que se pode, e isso foi tão incrível, pois nestes pequenos passos corajosos eu fui descobrindo coisas novas que me ajudaram a adequar as coisas cada vez mais.
E, o que para mim foi mais impressionante, é o fato de que eu recebi respostas diretas aos meus questionamentos, mas, elas não vieram definir as coisas, elas serviram como provocação para ouvir o meu coração. 

Foi um período em que eu me perdi inúmeras vezes para me reencontrar, nada foi linear e óbvio, na verdade, as coisas se encaixaram com o mistério do tempo e a minha boa vontade para encarar as sombras. 

Esse é o momento em que as energias do inverno vão perdendo sua força, é o começo da renovação. E, por mais que eu more no Nordeste e perceba as estações de uma forma muito diferente, eu consigo sentir a influência de todo esse fluxo se manifestando através de mim, é realmente mágico.

No dia 1 eu achei um ninho de passarinho caído debaixo de uma árvore por onde eu passava, e lembrei do simbolismo daquele dia, do Imbolc (dentro da barriga), que é um momento propício à gestação dos animais, claro que os passarinho com seus ovinhos também participavam, e eu pensei em pegar aquele ninho para colocar no meu altar, mas ele estava muito sujo de cocô de passarinho, rs. Então, eu entendi que tinha achado ele apenas para me lembrar daquela energia.
E, acontece que eu mesma não estava "ajustada" para celebrar o momento, eu ainda estava confusa e decidi fazer o meu Imbolc, quando, ou se, eu sentisse que era a hora, hoje entendo que até a sujeira no ninho parecia simbólica.

Eis que, passados esses dias, em introspecção e reflexão, eu alcancei a clareza que precisava, e pude tomar algumas decisões, e nisso hoje encontrei mais um ninho caído em outra árvore, em outro caminho. E, desta vez, ele estava em condições perfeitas, apenas com penas e penugens. Foi como se a natureza estivesse me validando, então eu trouxe esse presente comigo, enchi com umas contas ovaladas cristalinas que eu tinha guardado a muito tempo, e finalmente celebrei o meu sabat sentindo que é o momento certo.